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Entrevista com Francisco Pelucio

Presidente Francisco Pelucio vê volta de eventos presenciais da NTC&Logística como fundamentais para discutir e avançar pautas do setor

O ano de 2022 marcou o último ano do primeiro mandato do presidente da NTC&Logística, Francisco Pelucio. O empresário, que possui mais de 30 anos de atuação nas entidades de classe do setor, tem passagens de destaque pela Associação Brasileira de Transportadores Frigoríficos (ABTF), pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (SETCESP), pela Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Estado de São Paulo (FETCESP) e pela Associação Brasileira de Transportadores Internacionais (ABTI).


Segundo Pelucio, assumir a NTC&Logística foi um grande desafio e um marco para sua carreira. “É muito difícil assumir a presidência de uma entidade do porte e da abrangência da NTC&Logística, por onde passaram outros 14 presidentes de muito sucesso e que marcaram época em suas gestões. Sempre acreditei, desde quando assumi a entidade, que precisaríamos trabalhar muito para sermos respeitados enquanto entidade e de maneira geral. Minha avaliação é positiva por tudo que fizemos e por tudo pelo qual batalhamos”.


Confira a entrevista completa:


Gostaria de iniciar nossa entrevista de uma maneira um pouco diferente. Neste ano de sua gestão, o senhor completou 80 anos de idade. Gostaria que fizesse uma análise de como tem sido esse momento para você à frente de uma entidade tão importante como a NTC&Logística.


Costumo dizer que eu já nasci transportador, visto que meu pai era carroceiro, e desde muito cedo trabalhei com meu padrinho entregando alimentos do empório que ele tinha. Oitenta anos se passaram. Graças a Deus, cheguei com saúde a essa marca e com uma família maravilhosa. A empresa que fundei aos 21 anos de idade ainda está ativa, agora com meu filho à frente, e a outra empresa também ativa, com minhas netas. Agradeço a Deus por toda essa saúde e força que ele me deu e pelos tantos amigos que adquiri ao longo desses mais de 30 anos atuando nas entidades de classe.


Estar à frente da NTC&Logística, que é a segunda principal entidade representativa do setor de transporte, abaixo apenas da CNT, é uma grande responsabilidade e honra. O sentimento neste momento, finalizando o meu primeiro mandato, é de dever cumprido. Espero agora em novembro ter meu mandato renovado por mais quatro anos para finalizarmos os projetos que iniciamos dentro da entidade e aí sim, depois deste segundo mandato, pendurar oficialmente a chuteira.


O senhor também presenciou neste ano o nascimento de sua neta. Como tem sido essa experiência? Tem conseguido aproveitar a vida de avô mesmo com as fortes rotinas da presidência?


A nossa vida é repleta de ciclos. Quando meus filhos nasceram, eu saia de casa às 6h da manhã e voltava às 10h da noite, então não pude acompanhar tão de perto o crescimento deles. Agora, com os netos, sinto que tenho uma participação maior graças ao maior tempo que conseguimos.


Atualmente eu tenho cinco netas e dois netos: a Roberta mais velha vai fazer agora 30 anos, e a que era mais nova até este momento vai completar 22. Agora veio a Luma, que está com cinco meses, e para nós é uma beleza termos ela, ainda criança, começando agora e vermos esse crescimento dela.


Focando agora nas questões que afetaram o transporte rodoviário de cargas (TRC) como um todo no ano. Em 2022, tivemos a volta dos eventos 100% presenciais. Já tivemos duas edições do CONET&Intersindical, do Seminário Brasileiro do TRC, diversas edições do Seminário Itinerante e outros grandes eventos que lidam diretamente com os empresários do setor. Em sua opinião, qual é a importância da volta dos eventos 100% presenciais?


Nós assumimos a NTC&Logística e, com pouco mais de dois meses de pandemia, tivemos que fazer todos os eventos de maneira on-line. Ficamos assim por mais de dois anos, sem podermos marcar nossas presenças como sempre fizemos, e de maneira geral muitas dessas tendências vieram para ficar. Um exemplo que posso citar são as reuniões de diretoria, que agora são feitas de maneira on-line, ou seja, os membros da NTC&Logística de outros estados não precisam se locomover para fazer a reunião conosco, facilitando o acesso de todos. É um modelo que veio para ficar.


Porém, para nós, voltar a realizar os nossos eventos de maneira presencial é uma alegria muito grande. Realizamos recentemente o CONET&Intersindical edição São Paulo e percebemos que as pessoas estavam com saudade deste nosso contato presencial. Teremos ainda esse ano o Encontro Nacional da COMJOVEM em Fortaleza, teremos a Fenatran, que já é um sucesso, e também realizaremos a segunda edição do Seminário Trabalhista do TRC, que foi criado pela nossa gestão.


Então, de maneira geral, acredito que esta maneira presencial é muito mais efetiva para nós e espero que essa pandemia seja algo do passado. Assim, seguiremos realizando nossos eventos de maneira presencial, sempre com muito conteúdo e agregando ao transporte rodoviário de cargas.


Ainda sobre eventos, teremos neste ano a segunda edição do Seminário Trabalhista do TRC, encontro criado na sua gestão. Gostaria que o senhor falasse um pouco sobre a importância desse evento para o cenário que estamos vivendo atualmente.


O Seminário Trabalhista é um evento realizado diretamente da Câmara dos Deputados, onde discutimos os principais assuntos que afetam o transporte rodoviário de cargas no âmbito trabalhista de maneira próxima a quem atua no setor de transporte e na área trabalhista e com quem regulamenta as leis trabalhistas.


Foi uma criação da nossa gestão que veio para agregar muito na nossa agenda de eventos. Com certeza, com o passar das edições, vamos conquistando cada vez mais espaço para conversarmos sobre as leis trabalhistas e para mostrarmos o impacto de algumas delas, principalmente da burocracia, no desenvolvimento das empresas.


Falando agora sobre a atuação da NTC&Logística em conjunto com o governo federal, gostaria que o senhor nos falasse um pouco dos principais assuntos tratados pela entidade com os órgãos públicos. Quais foram as principais conquistas da NTC no âmbito político em 2022?


A nossa principal conquista nesse ano de 2022 foi a aproximação com os senadores e com os deputados federais. A NTC&Logística está hoje mais próxima das personalidades que podem resolver politicamente alguns dos desafios que impactam o dia a dia do TRC.


Um exemplo dessa atuação foi com relação ao tanque suplementar. Na ocasião, fizemos um ofício e o levamos para o deputado Paulo Caleffi, que lá em Brasília avançou com o assunto, o qual atualmente está no Senado para ser votado.


Outro exemplo dessa aproximação foi com relação ao aumento do biodiesel no diesel de 10% para 13%. Com o auxílio da CNT, conseguimos fazer com que a porcentagem dessa substância no combustível dos caminhões voltasse para os 10%, que é um valor que não afeta a produtividade e o motor do caminhão.

Em um ano conturbado com relação ao aumento dos insumos, as políticas de frete continuaram sendo assunto recorrente. Quais as estratégias da NTC, em conjunto com o Departamento de Custos Operacionais e Pesquisas Técnicas e Econômicas da NTC&Logística (DECOPE), para que o transportador seja bem orientado e consiga fazer o ajuste correto do frete?


Eu acredito que o DECOPE tem credibilidade para passar as informações corretas sobre os custos do setor de transportes. Mês a mês, somos cobrados pelos próprios transportadores para disponibilizarmos essa relação de custos, e isso é a prova do trabalho sério e da capacitação que esse departamento possui.


Ao longo dos seus anos de atuação, o DECOPE vem realizando um grande trabalho com o objetivo de garantir um repasse adequado de custos para as empresas, e neste momento de alta dos insumos isso não foi diferente. Estamos à disposição dos transportadores e continuaremos atuando em parceria com o DECOPE para que os custos sejam repassados corretamente.


Não podemos deixar de falar sobre a desoneração da folha de pagamento. Esse foi um assunto recorrente no início do ano, até que o governo prorrogou a desoneração para 17 setores até 2023. Qual a importância dessa medida para o desenvolvimento do país e como a NTC já está se movimentando para que desoneração se mantenha nos próximos anos?


A desoneração da folha começou quando eu como presidente do SETCESP, naquela época, tive o apoio da CNT e lutamos ao lado da NTC para conquistar esse direito. No ano passado, vivemos um momento um pouco delicado pela incerteza da renovação da desoneração da folha. No entanto, mesmo que de maneira tardia, o Presidente da República sancionou mais dois anos dessa medida para 17 setores da economia.


Então, com esse respiro de dois anos (que não era o que queríamos, pois buscávamos a prorrogação por cinco anos) nós vamos esperar e torcer para que a reforma tributária aconteça e acabe de uma vez por todas com esse número exorbitante de impostos que afetam diretamente as empresas e a geração de empregos no Brasil.


De maneira geral, essa prorrogação da desoneração da folha de pagamento foi uma grande conquista não só para o TRC, mas para os outros 16 setores. Na ocasião, contamos com a participação ativa do presidente da CNT, Vander Costa, e do vice-presidente de segurança da NTC, Roberto Mira, que nos auxiliaram para conquistarmos mais esses dois anos de desoneração.


Partindo agora para falarmos sobre a COMJOVEM, a comissão completa 15 anos de existência em 2022. Como você tem visto a importância desse grupo para o desenvolvimento do transporte e qual reflexão o senhor faz sobre a criação da COMJOVEM até os dias de hoje?


A COMJOVEM é motivo de orgulho para todos nós. A comissão foi criada no SETCESP pelo então presidente Adalberto Panzan, mas após cerca de sete anos estagnou e perdeu um pouco da sua força. Até que o Urubatan Helou assumiu novamente o sindicato de São Paulo e recriou a comissão, com grande destaque. Após um período de sucesso do núcleo de São Paulo, o Flávio Benatti assumiu a NTC e eu, Francisco Pelucio, que havia sucedido o Urubatan como presidente do SETCESP, sugeri a ele que criasse a COMJOVEM Nacional.


Então, o Flávio Benatti atendeu ao meu pedido e criou a COMJOVEM Nacional, que hoje é um grande sucesso e possui membros espalhados por diversos sindicatos do país, muitos deles em cargos de presidência e diretoria.


Esse marco de 15 anos de COMJOVEM é muito importante para todos nós, e podemos dizer que a comissão hoje é um grande sucesso, formando empresários competentes em todo o Brasil. Quem tem a ganhar com todo esse trabalho é o transporte rodoviário de cargas.


Em 2022 estamos finalizando o seu primeiro triênio à frente da NTC&Logística. Foram anos de muitos desafios e conquistas e de muita parceria da entidade com os transportadores – e também dos transportadores com o senhor. Qual avaliação o senhor faz desse seu primeiro mandato à frente da entidade?


É muito difícil você assumir a presidência de uma entidade do porte e abrangência da NTC&Logística, por onde passaram outros 14 presidentes de muito sucesso, que marcaram época em suas gestões.


Sempre acreditei, desde quando assumi a entidade, que precisaríamos trabalhar muito para sermos respeitados enquanto entidade. Obviamente que a pandemia reduziu nossas possibilidades e tivemos que fazer algumas modificações nos nossos eventos. No entanto, mesmo diante desses desafios, nós conseguimos atingir as expectativas dos transportadores – e, mais do que isso, conseguimos ser protagonistas em nossa atuação.


A COMJOVEM para mim é um motivo de grande orgulho e que merece destaque nesta avaliação. Hoje temos 25 núcleos espalhados pelo país e acredito que no meu mandato continuamos dando força para eles seguirem crescendo e se preparando para serem os futuros presidentes e assumirem os nossos postos.


De maneira geral, minha avaliação é positiva por tudo que fizemos e por tudo pelo qual que batalhamos. Ainda temos grandes eventos a serem realizados até o final do ano, e estou muito grato ser parte importante dessa entidade protagonista no transporte de cargas brasileiro.


Para finalizarmos, gostaria que o senhor deixasse uma mensagem para os transportadores e falasse um pouco da sua expectativa para o futuro do setor.


Costumo dizer que o empresário do transporte rodoviário de cargas precisa ser respeitado e que os contratos precisam ser respeitados e benéficos para ambas as partes. Aqui na NTC continuaremos lutando pelos direitos dos transportadores, pelo fim do roubo de cargas e pelo fim da burocracia excessiva. A mensagem que deixo é para os transportadores contarem comigo, pois aqui continuaremos lutando por dias cada vez melhores para o transporte rodoviário de cargas.

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